José Henrique Borghi

COMECEI A CORRER para ganhar força para o taekwondo. Depois, a São Silvestre me instigou a partir para distâncias maiores. Como já fazia natação, tinha resistência para elas. Então foi um pulo para o Ironman [prova de triatlo com 3,8 km de natação, 180 km de ci-clismo e 42 km de corrida].

JÁ FIZ 13 IRONMAN, o mais recente em 2014. Por anos a fio, eu fazia um Iron no primeiro semestre e duas maratonas “puras” no segundo. No Iron, o que menos importa é o tempo. O treino é o maior desafio, a preparação massacra. Tanto que, ao cruzar a linha de chegada, passa na sua cabeça tudo o que você fez para chegar ali. É um descarrego, uma sensação de missão cumprida e de que pode vir qualquer coisa pela frente que a gente encara.

“O lindo na corrida é que meu resultado é fruto exclusivo do meu esforço”

A CADA INÍCIO de ano eu traço três desafios. Um físico, um de traba-lho e um com a família. Família pode ser uma viagem; na pro-fissão, um grande prêmio; e, no esporte, alguma coisa que me dê orgulho de mim mesmo. Mas no triatlo, só vale se for o Iron – se for para ir para as cabeças, brigar com a mulher, que seja por um bom motivo, né? (risos)

A CORRIDA É MUITO democrática. Você pode ser o presidente de uma empresa e, na prova, um cara de origem humilde pode passar por você, dar risada, ba-ter na sua bunda e chegar muito na sua frente. Eu acho lindo isso, não há privilégios. Seu resultado nunca é fruto de uma facilitação, de uma hierarquia. É você, seu treino, seu tempo.

A CORRIDA ME AJUDA muito a criar. Tenho várias ideias durante os trei-nos. Já criei grandes campanhas correndo. Oxigena, né? É químico isso. Já tive que parar várias vezes no meio do treino para anotar tex-tos que vêm como uma enxurrada. E sempre corro ouvindo música; ela me faz criar mais, sonhar mais.

ESTE ANO TENHO pedalado mais e corrido menos porque estou com uma dor no joelho e tenho medo de ir ao médico. Já sei que é mau uso da peça, muitos anos judiando do corpo (risos). O cara vai fa-lar “seis meses de fisioterapia”, e eu vou dizer “de jeito nenhum, prefiro ficar seis meses sem an-dar!”. Minha meta neste ano é fa-zer o Gran Fondo de Nova York [prova de ciclismo de estrada com percurso de 166 km] ou alguma outra prova longa de bike no se-gundo semestre.

Zé Borgui é sócio da agência de publicidade Borghi / Lowe, que atende clientes como Asics, Kibon e Omo.