Você chega lá!

Para correr forte e longe das lesões, é preciso ter uma boa equipe de apoio

Foto: shutterstock.

Planejamento e trabalho interdisciplinar. Essas foram as palavras-chave do encontro de atualização científica realizado pelo Gatorade Sports Science Institute e a clínica esportiva Care Club no último sábado (26). A nutricionista Kerolyn Valente e o médico do esporte Gustavo Magliocca – também colunista de Runner’s World – ressaltaram a importância de um acompanhamento médico e nutricional – além do suporte do treinador, claro – durante todo o ciclo de treinos e de como esse esforço em conjunto pode fazer a diferença no dia da prova.

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Para Magliocca, o atleta deve ser regular, organizado e obedecer a planilha do treinador. Ele reforça a importância do médico trabalhar em conjunto com esse profissional para melhorar a performance do corredor e mantê-lo livre de lesões. O ideal é que uma avaliação completa do corredor seja feita no início do ciclo para que todos os envolvidos consigam trabalhar em cima disso. “É importante planejar o ciclo e levar em consideração o volume de treinos em cada momento para que o atleta não quebre antes de sua prova-alvo”.

Segundo Kerolyn, um bom nutricionista esportivo deve conhecer a fundo os treinos e os planos a longo prazo do atleta para poder adequar sua alimentação e decidir se e em que momento ele deveria perder peso. Para ela, cinco pontos são essenciais durante o macrociclo: regrar a alimentação para os treinos longos, conhecer a taxa de desidratação do atleta, suas propensões à cãibras, adaptar a suplementação e melhorar a capacidade de absorção de carboidrato.

Seguir, desde o início do ciclo, um padrão de alimentação antes dos longões ajuda a adaptar o intestino do corredor para esses alimentos e evita surpresas desagradáveis. É também importante testar os produtos que serão oferecidos no local da prova e até durante o próprio percurso. “Não adianta eu recomendar açaí se ele vai correr a Maratona de Berlim, porque não vai encontrar isso lá”, explica.

Para traçar um plano de hidratação, a nutricionista pede que seus pacientes que anotem o peso antes e depois do treino, além de temperatura e umidade do ar. Assim, eles teriam uma ideia de quanto devem repor em líquidos. Mas isso só gera resultados se o corredor começa o acompanhamento bem antes de sua prova-alvo. O dado é importante, pois uma perda de peso grande durante a corrida leva à queda de desempenho e aumenta as chances de cãibras. Falta de sódio e potássio também pode causar esse problema, mas é possível repor esses minerais. “Algumas cãibras, porém, são neuromotoras – devido à ansiedade, estresse, entre outros fatores – e só acontecem no dia da prova. Essas são mais difíceis de resolver”, conta Kerolyn.

A nutricionista ainda destaca a importância de testar as estratégias de suplementação desde o primeiro longão do ciclo. Ela indica o uso de diferentes fontes de carboidratos para maximizar a absorção por hora. A cafeína também pode ajudar no dia da prova, mas, como demora cerca de 45 minutos para fazer efeito, é preciso programar bem o momento de consumo.